sexta-feira, 7 de abril de 2006

A mão que balança o mundo não move o Brasil?

O que faz as pessoas irem às ruas? Esta pergunta sempre me vem à mente quando alguma coisa me revolta. Em primeiro lugar, para que alguma coisa me revolte, tem de promover um estrago mais ou menos como o Madureira deixar os quatro grandes clubes de futebol do Rio para trás e se sagrar campeão do segundo turno do campeonato carioca. Levando em conta a situação dos clubes cariocas, o exemplo não é dos melhores...

Voltando ao que interessa, refiz a pergunta inicial deste artigo quando assisti ao documentário, “Falcão, meninos do tráfico” exibido pelo Fantástico, no domingo, e vi posteriormente a comoção nacional que pairou sobre todas as castas sociais do Brasil. Do presidente Lula, passando por Luís Fernando Veríssimo e chegando até Adriane Galisteu, todo mundo quis se manifestar sobre o documentário. Bom, comentar é fácil, o problema é saber quantos vão se mobilizar para mudar a realidade de comunidades como a Rocinha, Complexo do Alemão, Pedreira Prado Lopes e outras favelas do país. Será que alguém vai ás ruas por isso?

A pergunta surge novamente quando leio algo sobre as manifestações dos estudantes e sindicalistas franceses, que saem às ruas para protestar contra a malfadada Lei do Primeiro Emprego, estratégia de governo que visa “flexibilizar” o “lado” dos patrões, dando carta branca a demissões injustificadas. O resultado da instituição da lei está estampado nas capas dos jornais: protestos.

Imagine só quantos aumentos você já suportou nos últimos anos? Pão, gasolina, transporte coletivo, escola, ingresso do teatro, roupa, sapato, e por aí vai. E qual a nossa atitude diante disso? Sem considerar o movimento estudantil e algumas outras entidades organizadas da sociedade civil, o saldo pode se resumir a praticamente nada que tenha tanta expressividade assim, pelo menos no meu ponto de vista.

Quando vejo algo no noticiário de jornais sulamericanos, seja no Chile, Argentina, Uruguai ou Venezuela, tento achar uma explicação para a passividade do povo brasileiro. Cidadãos com a camisa da Argentina protestando contra o desemprego, bolivianos esbravejando a favor da nacionalização do gás natural, tudo isso me faz pensar nas razões que levam estes povos a protestarem em favor de suas causas, sejam elas inteiramente válidas ou não.

Tivemos Waldomiros, Delúbios, Azeredos, ACMs, Valérios e outros, mas nenhuma mobilização contra as falcatruas que permeiam a pátria amada. O único consolo que me resta é pensar que fomos colonizados pelos “domadores” errados. Não temos Che Guevara, não temos Simon Bolívar, não temos Emiliano Zapata. Nossos heróis são forjados pelos livros de história e por uma necessidade de se firmar em alguém que garanta identidade própria ao Brasil.

Espero que o maior número de pessoas discorde deste artigo. Não é nenhuma loucura é pelo simples fato de que considero que a indignação, que não é transportada para as ruas, ao menos se manifeste através das idéias.

Um comentário:

Anônimo disse...

Dá pra escrever mais ?? Anda logo, deixa o sangue sair das veias! Abraços.