quinta-feira, 23 de novembro de 2006

Resquícios de uma noite...

Se você tem cabelo de Elvis Presley, usa blusa social e fuma. (Bicha enrustida).

Se você está próximo de completar trinta anos, usa camisa justa e retoca sua pele com pancake. (Bicha velha).

Se você passa meio quilo de gel no cabelo, anda com a camisa social com o peito à mostra e tem cara de galã. (Bicha patricinha de Beverly Hills)

Se você usa brinco, fala grosso, tem muita melanina na pele e tem raízes senegalesas. (Bicha preta).

Se você chega em um lugar com uma máquina fotográfica, uma mochila, pulando e gritando: Ei gente, cheguei! (Bicha pipoca).

E há quem comente: Gente, eu sabia que jornalista era exótico, mas nem sabia que vocês eram todos assim...

Resquícios de uma noite...

Ao fundo uma máquina fotográfica digital solta “flashs” e capta os momentos de êxtase de uma manada de comedores de massa.

Fl: O que foi Rodrigo, o que você tem?

R: Tô morrendo de dor de cabeça por causa daqueles “flashs”

Fl: Quer um remédio? Eu tenho aqui.

R: Nossa, me dá rápido.

G: Peraí, como é que chama aquela pessoa que toma remédio compulsivamente? Lembra aí gente!

F: É esquizofrênico!

Todos: Hahahaha! Puta que pariu, esquizofrênico!!!

C: É hipocondríaco...

As “bocas nervosas” suspendem a comilança por um instante, mas logo retornam ao seu árduo trabalho de devorar queijos, molhos e outros condimentos. Agora com medo de que um de nossos companheiros possa ser esquizofrênico!!!!!

R – Rodrigo / G – Guilherme / F – Felipe / Fl – Flávia / C - Camila

segunda-feira, 20 de novembro de 2006

Fala muito...

Retrato Pra Iaiá - (Marcelo Camelo; Rodrigo Amarante)

Iaiá, se eu peco é na vontade
de ter um amor de verdade
Pois é que assim em ti um dia eu me atirei
e fui te encontrar
pra ver que eu me enganei...

Depois de ter vivido o óbvio utópico,
te beijar, e de ter brincado sobre a sinceridade
e dizer quase tudo quanto fosse natural...
Eu fui pra aí te ver, te dizer:

Deixa ser, como será!
Quando a gente se encontrar
No pé, o céu de um parque nos testemunhar...
Deixa ser como será!
Eu vou sem me preocupar.
E crer pra ver o quanto eu posso adivinhar...

De perto eu não quis ver
que toda a anunciação era vã
Fui saber tão longe,
mesmo você viu antes de mim
que eu te olhando via uma outra mulher
E agora o que sobrou?
- Um filme no close pro fim

Num retrato-falado eu fichado,
exposto em diagnóstico
Especialistas analisam e sentenciam:

Deixa ser como será!
Tudo posto em seu lugar
Então tentar prever serviu pra eu me enganar.
Deixa ser, como será!
Eu já posto em meu lugar
Num continente ao revés,
em preto e branco, em hotéis.
Numa moldura clara e simples sou aquilo que se vê


sábado, 11 de novembro de 2006

Cicarelli neles!

Neomachismo. A palavra me soou perfeitamente estranha, mas prontamente me identifiquei com o radical da mesma. De machismo eu entendo. Não que eu seja um adepto do clube dos “nervosões” que batem no peito e acham que mulher não pode sair sozinha sem o namorado, longe disso. Sou defensor do instinto e do desejo. Se a mulher quer sair com o danado do cara e o rapaz não percebeu que “tá rolando o clima” ela não pode “chegar junto” e dizer que “tá afim”? Levando-se em conta o nosso senso comum e criação católica, apostólica, romana, jamais.

Companheiros de testosterona, não é de arrepiar quando uma mulher chega com aquela voz de anjo com a asa ferida e sussurra: - Tá sozinho gato? Que me perdoem os que discordam, mas vocês estão com problemas hormonais sérios. Faz bem pro ego, dá um upgrade na moral e nos garante umas boas horas em frente ao espelho forçando o tríceps, bíceps e falando para si mesmo: - Eu sou o cara!

Portando, ladies, usem saias curtas, calças de cintura baixa, salto alto, maquiagem, cabelo solto, preso, lentes de contato e tudo que têm direito. Telefonem, mandem mensagens, escrevam cartas, e-mails, mandem beijos, façam o “diabo a quatro”. Nós adoramos. E não se preocupem com os comentários maldosos dos comparsas de Jesse Valadão, no fundo eles estão todos querendo um afago, um mimo bem feito. Sejam Danielas Cicarelli.

quinta-feira, 2 de novembro de 2006

É só falar...

O olhar está apurado. Observa tudo à sua volta com a sensação de que um passo em falso representa a perda de uma chance para o arremate final. Cada conjunção de letras e sílabas parece conter significados que criam perspectivas novas. Na verdade, não são novas. São partes que nunca foram exploradas com o devido afinco e atenção, mas que estão presentes desde o primeiro minuto. O problema, agora, é transformá-las em algo factual.

As mesmas palavras que criam perspectiva a desfazem com uma simplicidade que causa calafrios. Ditas causam estranheza por não caber confirmação, se não ditas ficam armazenadas esperando alguma ação que as garantam sentido. De toda forma elas estão lá. A possibilidade de pensar em algo é somente a partir delas, e, ainda que não seja a forma ideal é tudo o que resta. Constatação penosa para quem nunca foi de procurar respostas em seus traços, mas que começa a enxergar alguma coisa em seus meios.

Dez palavras. Trinta sílabas. Cinqüenta letras. Possibilidades infinitas. Para o bem ou para o mal.

Prefiro as ações.

Nem santa nem profana

A boca está seca. A pele amarrotada e quase com estrias por causa do travesseiro. A cabeça turbinada e funcionando no embalo de um tsunami com proporções nunca vistas. Anjos e demônios brigam pelo prazer de fuzilar a parte do cérebro que controla as decisões. Cada um dos lados joga suas cartas e dá gargalhadas após conseguir ganhar um ponto de vantagem sobre o outro.

- Ela vai fazer isso!

- Tá louco, se fizer isso tá ferrada! Hummm, essa é a idéia!

- Pára com isso senão ela vai ficar do jeito que o diabo gosta...

- Nossa! Não fala assim que eu fico até extasiado!

Enquanto isso ela segue com a sua loucura diária, voando como um anjo e atazanando como o capeta. Entre escolher o inferno e o céu, prefere ficar no limbo, parada, serena, só esperando o momento certo para dizer:

- É isso...