Até aquele momento nada o fazia olhar para o lado, mesmo que ela estivesse lá. Podia estar parada, falante, até mesmo nua, que não faria a menor diferença aos olhos perdidos e perturbados que insistiam em olhar para baixo. Com a mesma facilidade que distribuía sorrisos ao léu pensava nas inúmeras possibilidades de que aquilo seria, mais uma vez, um devaneio seu. Sentia que aquele momento não lhe pertencia, mas queria fazer parte dele de qualquer forma.
Raciocinava em meio a milhões de sensações compreendidas entre o céu, o limbo e o inferno. Todas as vontades eram forçosamente controladas só tinham espaço livre dentro da sua cabeça. Nem mesmo a mais forte das contradições conseguiria explicar o que se passava ali. O necessário aconteceu. Uma pergunta e uma resposta. Praticamente todo o plano ia por água abaixo. Não fosse a persistência homérica derivada de um instinto masculino e bruto, nada aconteceria.
Sua intenção era começar algo novo, jamais visto, inclusive por ele. O terreno estava todo pronto e parecia que aquilo era suficiente. Não foi assim. De uma simples reunião informal com algumas pessoas e um comentário, desfez-se parte importante dos planos traçados. Restou a incerteza do que virá pela frente, o temor pela repetição de fatos já vistos e a vontade de dizer coisas jamais ditas. Só anseios...