De vez em quando o Brasil sofre de um surto de lingüística em seus textos e discursos. A sensação que se tem é de que todo mundo tem um pouquinho de Guimarães Rosa, Graciliano Ramos ou Machado de Assis e se auto-concede uma “licença poética” para fazer neologismos. No bojo desta onda de criacionismo está a mídia que por sua função histórica acaba por reproduzir as falácias dos políticos.
Em 2005 as palavras da vez foram propinoduto, denuncismo e valerioduto. Todos originadas da escola do “mensalão” ou “semanão” como preferiram alguns políticos mais exaltados que dispararam críticas contra o governo petista, e, por conseguinte, contra o presidente Luís Inácio Lula da Silva. No meio de todo o palavrório e das trocas de acusações de compra de votos, corrupção e encampamento do Estado brasileiro ressuscitaram a palavra ética e até hoje ela vem sendo utilizada em larga escala. É certo que bem mais por uma tentativa de transmissão de boa imagem da política nacional do que propriamente pelo conhecimento ou posse desta característica.
Nem a dita direita (PSDB, PFL e outros), nem o centro (PMDB), nem a dita esquerda (PT, P-SOL e outros) conseguem convencer com os discursos nos palanques da câmara e do senado. O caso mais patente da falta de ética aconteceu justamente no local que pelo próprio nome deveria se nortear por esta: o Conselho de Ética do Senado.
Para surpresa (ou não) do povo e felicidade geral dos tucanos o processo que era movido contra o senador Eduardo Azeredo foi arquivado nesta terça-feira . A acusação de que ele teria recebido R$ 9 milhões do empresário Marcos Valério na campanha de reeleição ao Governo de Minas em 1998, foi completamente ignorada pelo presidente do Conselho, João Alberto (PMDB-MA). Segundo ele o processo foi arquivado “porque o estatuto define que só teremos de apurar as coisas durante o mandato, e na época Eduardo Azeredo estava lutando pela reeleição", como se a ética na política não perpassasse também as disputas eleitorais que são bancadas com recursos de empresas que posteriormente, e na maioria das vezes, são beneficiadas com licitações da máquina estatal.
Mesmo com a confirmação do tesoureiro da campanha de Azeredo, Cláudio Mourão, do uso de recursos de caixa-dois na campanha do tucano a denúncia foi ignorada e não será investigada. A falta de ética que salvou deputados de serem cassados parece estar contaminando outros locais de Brasília. Seja direita, esquerda ou qualquer classificação ideológica que se faça dos partidos e políticos contemporâneos uma palavra consegue caracterizá-los: corporativistas.
Nos últimos quatro anos ficou provado que o PT falou bobagem ao se intitular o partido detentor único da ética e ter de se desculpar por cometer as mesmas falcatruas que os comparsas anteriores a ele no poder. O hábil PSDB se utilizou desse discurso para se mostrar como alternativa ética ao atual governo, só não caiu na mesma armadilha porque ninguém se dispõe a investigar o ninho tucano. Será que alguém vai inventar alguma palavra classificar o porquê disso? Os espíritos de Guimarães Rosa, Graciliano Ramos e Machado de Assis poderiam ajudar nesta hora.
Em 2005 as palavras da vez foram propinoduto, denuncismo e valerioduto. Todos originadas da escola do “mensalão” ou “semanão” como preferiram alguns políticos mais exaltados que dispararam críticas contra o governo petista, e, por conseguinte, contra o presidente Luís Inácio Lula da Silva. No meio de todo o palavrório e das trocas de acusações de compra de votos, corrupção e encampamento do Estado brasileiro ressuscitaram a palavra ética e até hoje ela vem sendo utilizada em larga escala. É certo que bem mais por uma tentativa de transmissão de boa imagem da política nacional do que propriamente pelo conhecimento ou posse desta característica.
Nem a dita direita (PSDB, PFL e outros), nem o centro (PMDB), nem a dita esquerda (PT, P-SOL e outros) conseguem convencer com os discursos nos palanques da câmara e do senado. O caso mais patente da falta de ética aconteceu justamente no local que pelo próprio nome deveria se nortear por esta: o Conselho de Ética do Senado.
Para surpresa (ou não) do povo e felicidade geral dos tucanos o processo que era movido contra o senador Eduardo Azeredo foi arquivado nesta terça-feira . A acusação de que ele teria recebido R$ 9 milhões do empresário Marcos Valério na campanha de reeleição ao Governo de Minas em 1998, foi completamente ignorada pelo presidente do Conselho, João Alberto (PMDB-MA). Segundo ele o processo foi arquivado “porque o estatuto define que só teremos de apurar as coisas durante o mandato, e na época Eduardo Azeredo estava lutando pela reeleição", como se a ética na política não perpassasse também as disputas eleitorais que são bancadas com recursos de empresas que posteriormente, e na maioria das vezes, são beneficiadas com licitações da máquina estatal.
Mesmo com a confirmação do tesoureiro da campanha de Azeredo, Cláudio Mourão, do uso de recursos de caixa-dois na campanha do tucano a denúncia foi ignorada e não será investigada. A falta de ética que salvou deputados de serem cassados parece estar contaminando outros locais de Brasília. Seja direita, esquerda ou qualquer classificação ideológica que se faça dos partidos e políticos contemporâneos uma palavra consegue caracterizá-los: corporativistas.
Nos últimos quatro anos ficou provado que o PT falou bobagem ao se intitular o partido detentor único da ética e ter de se desculpar por cometer as mesmas falcatruas que os comparsas anteriores a ele no poder. O hábil PSDB se utilizou desse discurso para se mostrar como alternativa ética ao atual governo, só não caiu na mesma armadilha porque ninguém se dispõe a investigar o ninho tucano. Será que alguém vai inventar alguma palavra classificar o porquê disso? Os espíritos de Guimarães Rosa, Graciliano Ramos e Machado de Assis poderiam ajudar nesta hora.
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